Cartilha: Diga Não ao Fim dos Serviços Públicos

Auditoria Cidadã da Dívida lançou uma Cartilha Popular que analisa o texto da Reforma Administrativa (PEC 32/2020) – em tramitação na Câmara dos Deputados – e denuncia seus efeitos nefastos para os serviços públicos e a sociedade brasileira.

O documento, de 32 páginas, expressa a necessidade de rejeitar essa contrarreforma do governo Bolsonaro, tendo em vista que a referida Proposta de Emenda à Constituição sequer poderia ser chamada de Reforma Administrativa pois, na prática, ela representa a completa desestruturação do Estado Brasileiro e dos serviços públicos prestados à população, em flagrante desacato a diversos dispositivos da Constituição Federal.

Cartilha Popular da Auditoria Cidadã da Dívida foi elaborada por iniciativa do seu Núcleo Capixaba, contando ainda com o apoio de diversas entidades da sociedade civil. Ela foi escrita com uma linguagem acessível, para que toda a sociedade possa compreender de forma simples e rápida como a aprovação da PEC 32/2020 poderá causar um enorme impacto negativo na vida das pessoas, principalmente no que se refere aos serviços públicos e aos danos para brasileiros e brasileiras que dependem deles.

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Baixe aqui a Cartilha Popular “Diga Não ao Fim dos Serviços Públicos! Diga Não à PEC 32/2020! Não à Contrarreforma Administrativa! Privilegiados são os Banqueiros!”, lançada pela Auditoria Cidadã da Dívida (formato PDF, tamanho A5, 32 páginas).

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Frente aponta que Reforma Administrativa alcança os atuais servidores públicos

Com a promessa de mudanças significativas na administração pública do país, a Reforma Administrativa (PEC 32/2020poderá afetar os atuais servidores públicos – e não somente os futuros, como os seus defensores estão propagandeando. É o que aponta um documento entregue na última quarta-feira (16/06) pela Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público (Servir Brasil) a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara Federal. Inclusive, quando se reuniu com deputados no dia 09/06 (e, na ocasião, recebeu um abaixo-assinado contra a PEC 32/2020), Lira garantiu que a Casa não mexerá nas regras de quem já está no serviço público.

O material, que destrincha a Proposta de Emenda Constitucional e lista os itens que alcançam os servidores atuais, foi protocolado na presidência da Casa. O documento foi elaborado por técnicos e entidades das categorias que integram o conselho curador da Frente.

O texto aponta, por exemplo, um dispositivo previsto na PEC 32/2020 (Artigo 41, parágrafo 1º, I) que permite a perda do cargo público por simples decisão colegiada, sem o necessário trânsito em julgado.

O levantamento mostra ainda que o Artigo 4º da PEC 32/2020 retira incumbências dos profissionais que já estão no setor. O item prevê que todos, inclusive os atuais, deixarão de ter exclusividade no exercício de atribuições técnicas de chefia, pois as funções de confiança, hoje ocupadas somente pelos servidores efetivos (como prevê a Constituição Federal), serão transformadas em cargos em comissão – “liderança e assessoramento” -, com critérios de nomeação definidos em mero ato do chefe do Executivo.

Violação ao Direito Adquirido

Para o Presidente da Frente Servir Brasil, deputado federal Israel Batista (PV-DF), ao contrário do que vem sendo propagado – de que a Reforma Administrativa é para os servidores que serão futuramente contratados -, o ofício reforça que há “violação da segurança jurídica e ao direito adquirido, resguardados pela Constituição”.

Batista disse que as Frentes Parlamentares do Serviço Público (não só a Servir Brasil) e as categorias vão trabalhar para esclarecer esses pontos. “Para conscientizar os parlamentares sobre como o texto afeta os atuais servidores e para ver se o presidente da Câmara vai cumprir com a promessa que está fazendo publicamente de não mexer com as regras dos atuais”.

Ele acrescentou que o relator, Arthur Maia (DEM-BA), considera que a Reforma Administrativa não alcança quem já está em cargo público. E que o documento também será apresentado a Maia.

Aposentados afetados

O discurso dos defensores da PEC de que ela não afeta os atuais funcionários não se sustenta. Em diversos dispositivos o texto afeta diretamente quem está no serviço público, inclusive os aposentados.

Outros itens listados

O documento pontua que o atual funcionalismo é atingido quando a PEC 32/2020, no Artigo 41, “possibilita a regulamentação da avaliação de desempenho por meio de lei ordinária, ou seja, até mesmo por Medida Provisória, e não por lei complementar como estabelece a Constituição”.

Outro item apontado é o dispositivo do Artigo 2º, II, que trata do pagamento de parcelas que são consideradas de efetivo exercício – quinquênios e triênios -, retirando critérios de definição de remuneração. “Isso trará riscos à isonomia”, disse Batista.

“O Artigo 2º, inciso II, faculta a redutibilidade salarial dos atuais servidores por simples alteração/revogação da lei que tenha concedido os direitos listados no Artigo 37, caput, inciso XXIII, alíneas ‘a’ a ‘j’ – por exemplo, triênios, quinquênios etc”, informa o documento.

O material diz ainda que o Artigo 2º “cria um limbo jurídico, pois institui um ‘Regime Jurídico Específico’ de transição, diverso do atual Regime Jurídico Único, deixando os atuais servidores em total insegurança jurídica”.

A PEC 32/2020 permite ainda, no Artigo 84, a alteração, por decreto, das atribuições dos cargos dos atuais funcionários públicos, o que hoje depende de lei aprovada pelo Legislativo.

Segundo o levantamento, o Artigo 10 (II, “b”) da PEC 32/2020 prevê o fim da obrigatoriedade das escolas de governo. Além disso, o ofício ressalta que o Artigo 9º da Reforma Administrativa “retira recursos do Regime Próprio de Previdência dos Servidores (RPPS) ao reduzir seus aderentes e, consequentemente, seus contribuintes, contratando uma nova crise previdenciária, que levará ao aumento de alíquota para o atual funcionalismo”.

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Fora Bolsonaro: trabalhadores da Rede Federal de Educação irão ao 19J

Você é servidora ou servidor público? Você conhece a PEC 32/2020, aquela que o governo chama de Reforma Administrativa?

Essa contrarreforma servirá para destruir o serviço público!

Diante disso, Fasubra SindicalAndes-SN e Sinasefe chamam você para lutar com o conjunto do funcionalismo contra o desmonte dos serviços públicos.

19J

No próximo sábado, dia 19 de junho, vão acontecer atos e manifestações em todo o Brasil pelo Fora Bolsonaro!

Fortaleça o movimento e participe da coluna dos servidores e das servidoras que estarão nessa luta.

Em Brasília-DF, nossa manifestação será na Esplanada dos Ministérios, com concentração no Museu da República a partir das 9 horas.

Vamos mostrar nossa disposição de luta para derrotar a PEC 32/2020. Juntos e juntas, nas ruas, vamos derrotar esse governo genocida de Bolsonaro.

São meio milhão de vidas perdidas para uma doença que já possui vacina. Basta! Fora Bolsonaro!

Confira abaixo o vídeo de convocação para o 19J das entidades classistas da Educação Federal, com a participação de Marcelino Rodrigues (coordenador geral da Fasubra), Rivânia Moura (presidenta do Andes-SN) e David Lobão (coordenador geral do SINASEFE):

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Entidades entregam abaixo-assinado contra a Reforma Administrativa

Entidades sindicais do serviço público realizaram na manhã de ontem (09/06), em frente ao Anexo II da Câmara Federal, em Brasília-DF, uma manifestação contra a Reforma Administrativa (PEC 32/2020).

O ato realizou falas contra os ataques contidos na PEC 32/2020 – que teve sua admissibilidade aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados em 25 de maio e agora segue sua tramitação para uma Comissão Especial da Casa Legislativa, onde terá seu mérito avaliado.

Os presentes denunciaram como o texto será nocivo à sociedade brasileira (com a precarização e privatização de serviços públicos essenciais) e ao conjunto do funcionalismo público (que perderá direitos históricos e passará por um arrocho salarial ainda mais duro que o atual).

Um abaixo-assinado com 150 mil assinaturas foi entregue aos parlamentares, demonstrando que os trabalhadores estão atentos à tramitação desta Reforma e que resistirão à mesma de todas as formas possíveis.

Vídeo

Confira no vídeo abaixo a fala do coordenador geral do SINTFUB, Edmilson Lima, feita durante o ato desta quarta-feira (09/06):

Imagens

Confira abaixo as fotos dessa manifestação contra a Reforma Administrativa que estão disponíveis em nossa galeria de imagens:


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Ato contra a Reforma Administrativa


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Fasubra convoca Plenária Nacional para 25 e 26/06

A Direção Nacional da Fasubra convocou uma Plenária Nacional da Federação para os dias 25 e 26 de junho de 2021, em dois meios períodos das 14 às 18 horas, com orientação de rodadas de assembleias nas bases entre 3 e 22 de junho.

Encontros Regionais

A Direção Nacional da Fasubra também comunica que, em função da conjuntura e em atenção às solicitações de algumas bases, suspendeu ad referendum a realização dos Encontros Regionais – os quais terão suas datas readequadas pela Plenária Nacional de 25 e 26 de junho (confira na pauta logo abaixo).

Pauta

  1. Informes da Direção Nacional
  2. Análise de Conjuntura Nacional e Internacional – Reforma Administrativa (PEC 32/2020) e ameaça de retorno ao trabalho presencial sem vacinação
  3. Referendar substituições de diretores – conforme estabelecido nos artigos 65 e 66 e em seus incisos e parágrafos
  4. Calendário
  5. Encontros Regionais
  6. Outros

Dinâmica

  1. Informes de base devem ser encaminhados por escrito, no ato do credenciamento
  2. Informes da Direção Nacional
  3. Conjuntura (representação da Direção Nacional – cinco intervenções, cada uma com cinco minutos de duração)
  4. Abertura das inscrições na primeira intervenção da representação (para todos os delegados, que terão direito a três minutos de fala)
  5. Encerramento das inscrições na quinta intervenção da representação
  6. Serão consideradas as propostas e moções encaminhadas até sexta-feira (25/06) para um número de telefone da Fasubra, que será disponibilizado durante a realização da Plenária
  7. Votação de propostas, moções e encaminhamentos acontecerão no sábado (26/06)

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Baixe aqui o Informe da Fasubra de 2 de junho de 2021, que lançou a convocatória da Plenária Nacional e o informe sobre o adiamento dos Encontros Regionais publicados acima (formato PDF, tamanho A4, 5 páginas).




Nem um dia a mais de Bolsonaro no governo

No dia 29 de maio as entidades da base da Fasubradentre elas o SINTFUB – seguiram a orientação da Direção Nacional da Federação de ocupar as ruas (com os devidos cuidados: usando máscaras, álcool 70% e mantendo o distanciamento) nos atos contra a Reforma Administrativa (PEC 32/2020) e os cortes na Educação, em conjunto com outros setores da sociedade nas 26 capitais, no Distrito Federal e em mais de 250 cidades, exigindo vacina no braço, comida no prato, auxílio emergencial de R$ 600,00 e Fora Bolsonaro!

Na esteira de levantes que ocorrem em países como a Colômbia, em que o povo foi às ruas lutar contra reformas que retiram direitos do povo, e no Chile, que derrubou a Constituição Pinochetista, as trabalhadoras e os trabalhadores no Brasil começam a construir uma agenda ativa para enfrentar o governo Bolsonaro. Os atos de 29 de maio cruzaram nossas fronteiras e tiveram repercussão em vários países da Europa e da América Latina.

A Direção Nacional da Fasubra, além de participar dos atos, pela primeira fez a cobertura virtual da participação da categoria nas atividades em todo o país, com chamadas ao vivo das manifestações. Desde o início da pandemia que a população não ocupava as ruas com tamanha energia, mostrando que quando o governo é mais nocivo que o vírus, o povo vai às ruas para enfrentá-lo.

Com esses atos de 29 de maio, as entidades sindicais, os movimentos sociais, estudantis e os partidos políticos de esquerda retomaram o protagonismo das grandes mobilizações, colocando o governo na defensiva. Bolsonaro, que na semana anterior aos atos alcançou o índice de 59% de rejeição, ignora as manifestações e tenta manter sua agenda contrarreformista no Congresso Nacional.

No dia 25 de maio, por 39 votos contra 26, foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal a admissibilidade da Reforma Administrativa. Agora Bolsonaro e Paulo Guedes tentam aprová-la na Comissão Especial, que ainda será instalada, e posteriormente em votação no Plenário (em dois turnos, precisando de um mínimo de 308 votos em cada).

No entanto, a pressão que as entidades do serviço público têm feito junto aos parlamentares e também a disputa da oposição na Câmara estão surtindo efeitos, pois a base governista não possui a maioria dos votos para levar a votação ao Plenário. E o desgaste de Bolsonaro segue aumentando com a CPI da Pandemia no Senado, que a cada dia traz mais detalhes da política genocida do governo, que levou à morte de mais de 473 mil pessoas no Brasil.

As entidades que participam da Campanha Nacional Fora Bolsonaro se reuniram e estarão construindo novas manifestações no dia 19 de junho (sábado) para ampliar o desgaste do governo e levá-lo ao impeachment. As entidades que compõem o Fonasefe participarão do calendário nacional de lutas contra o governo e acompanharão as ações contra a Reforma Administrativa.

Na avaliação da Direção Nacional da Fasubra, as manifestações de 29 de maio foram o pontapé inicial para a derrubada do (des)governo Bolsonaro, com o retorno da ocupação das ruas pela classe trabalhadora.

No calendário de lutas da Fasubra está a convocação de uma Plenária Nacional para 25 e 26 de junho, que avaliará as ações da Federação e a organização da categoria para esse novo momento da conjuntura.

A Direção Nacional da Fasubra também orienta as entidades de base a manterem:

  • a posição de retorno ao trabalho presencial só com condições de segurança sanitária garantidas, com vacina para todas e todos;
  • a pressão junto aos parlamentares em suas bases eleitorais;
  • o impulsionamento das campanhas virtuais da Fasubra e do Fonasefe;
  • a realização de audiências públicas sobre a Reforma Administrativa;
  • a aprovação de representantes para o Comando Nacional de Mobilização;
  • a participação nos Fóruns Estaduais.

Fora Bolsonaro e Mourão!
Contra os cortes na Educação!
Vacina para todas e todos!
Não à Reforma Administrativa!

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Baixe aqui o Informe da Fasubra de 2 de junho de 2021, que lançou a análise de conjuntura acima (formato PDF, tamanho A4, 5 páginas).




Brasil: 450 mil mortes. Dia 29/05 é dia de luta!

O Brasil chegou a 450 mil mortos por COVID-19 ontem, dia 24 de maio. Hoje, dia 25 de maio, a Reforma Administrativa (PEC 32/2020foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Será a destruição dos serviços públicos.

A Eletrobras foi encaminhada à privatização pelos parlamentares. Os Correios estão seguindo pelo mesmo caminho. O povo não tem auxílio emergencial suficiente. O desemprego está na casa dos 15 milhões de pessoas. Somos vergonha internacional, eleitos pelo jornal The Washington Post e outros veículos de imprensa como “o governo com a pior gestão da pandemia”. Enquanto isso, Bolsonaro (que deveria trabalhar na cadeira de Presidente da República) anda de lancha, faz motociatas e edita portaria para aumentar o próprio salário. Basta!

No próximo sábado (29/05), os brasileiros sairão às ruas! Com o máximo de distanciamento social, usando máscaras e álcool 70%, passaremos o nosso recado: Fora Bolsonaro!

Em Brasília-DF, a manifestação terá dois pontos de encontro:

  1. Às 8h30min, no Palácio do Buriti (Plano Piloto), haverá a concentração para uma carreata.
  2. Às 9 horas, no Museu Nacional (Esplanada dos Ministérios), haverá a concentração para uma passeata.

Se um povo teme menos morrer de COVID-19 do que manter um Presidente no poder neste momento de pandemia, é porque a coisa ficou insustentável.

Em defesa da vida, é hora de lutar!

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Nota Técnica do Senado: “Reforma Administrativa não terá os efeitos fiscais esperados e facilitará a corrupção”

Apesar de ser apresentada pelo governo Bolsonaro como uma medida de redução de gastos públicos, a Reforma Administrativa (PEC 32/2020) apresenta diversos efeitos com impactos fiscais adversos, tais como o aumento da corrupção, a facilitação da captura do Estado por agentes privados e a redução da eficiência do setor público em virtude da desestruturação das organizações. Por sua vez, os efeitos previstos de redução de despesas são limitados, especialmente no caso da União.

Por tudo isso, o Senado Federal – por meio de sua Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle – lançou na última quarta-feira (19/05) a Nota Técnica nº 69/2021, que avalia os aspectos fiscais do texto da PEC 32/2020 em tramitação na Câmara dos Deputados e indica que, se aprovada como está, a Reforma Administrativa vai piorar a situação fiscal da União, seja por aumento das despesas ou por redução das receitas.

Diante da ineficácia e ineficiência do texto em discussão, a Consultoria do Senado Federal propôs simplesmente que as normas já existentes – e consideradas suficientemente rígidas – sejam garantidas e executadas para controlar as despesas da União com os servidores públicos.

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Baixe aqui a Nota Técnica nº 69/2021 da Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado Federal em seu texto integral (formato PDF, 41 páginas).

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Defenda a Educação Pública!

Para superar a crise precisamos reafirmar nosso compromisso em seguir lutando ao lado dos profissionais da Educação e em defesa do Ensino Público de Qualidade.

Veja o spot do Fonasefe:




Manifesto: O Serviço Público Não Tem Preço

Fonasefe lançou ontem (12/05) o Manifesto “O Serviço Público Não Tem Preço” – que teve a adesão de diversos parlamentares, figuras públicas e entidades políticas:


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Leia o texto do Manifesto lançado pelo Fonasefe na íntegra:

O Serviço Público Não Tem Preço

O Brasil precisa parar de ser vendido. O Brasil não é um produto de supermercado. Fomos loteados, fatiados, precificados e oferecidos a preço humilde ao capital nas últimas três décadas. Nossa Amazônia, nosso petróleo, nosso minério, nossos direitos e nossa democracia são mais do que pequenos números nos painéis coloridos das bolsas de valores do mundo todo.

As privatizações não foram boas para o país. Os problemas do Brasil não foram resolvidos com a venda das empresas estatais, as concessões públicas, as parcerias público-privadas, as terceirizações e outras formas privatistas. Não é mais uma hipótese, não é mais uma dúvida, é um dado da realidade. Basta fazer a pergunta: a dívida pública aumentou ou diminuiu em todos esses anos? A desigualdade social cresceu ou minguou? Os preços murcharam ou se elevaram com a abertura total ao mercado? Há mais ou menos empregos?

As reformas estruturais realizadas nos últimos anos não alavancaram a economia como havia sido prometido ao povo. A vida piorou porque direitos foram retirados. A Reforma Trabalhista não gerou empregos. A Reforma da Previdência jogou para longe nosso descanso após tantos anos de trabalho. Não houve redução de déficits fiscais, nem melhora de balanças comerciais.

A corrupção não diminuiu com a entrada da iniciativa privada na máquina pública. Muito pelo contrário, ela aumentou. A imensa maioria dos grandes empresários e banqueiros são os principais corruptores do Estado Brasileiro. Pagam propinas, vivem de lobbys, fraudam contratos, corrompem agentes, traficam influência e chantageiam o povo com a ameaça de desinvestimento caso sua agenda econômica não seja aprovada.

Em suma, nenhum problema econômico ou social foi resolvido com a entrega do patrimônio público brasileiro aos capitalistas. A bem da verdade, as questões se agravaram. O Brasil entrou novamente no mapa da fome, temos mais de 14 milhões de desempregados, a dívida pública explodiu e o PIB despencou. A desigualdade social permanece e se aprofunda.

Nenhum país no mundo resolveu seus problemas internos aplicando uma política de privatizações nas últimas duas décadas, como nossos governos alardeiam. Assistimos ao fenômeno contrário. A desprivatização de serviços e mesmo a sua reestatização é uma tendência global crescente. Segundo o Transnational Institute (TNI), de 2000 a 2017, o mundo presenciou 884 desprivatizações e reestatizações. [1]

Os quatro países que mais as realizaram são todos potências econômicas globais: Alemanha (348), França (152), Estados Unidos (67) e Reino Unido (65). Os setores desprivatizados nesses países englobam áreas estratégicas como energia, água e transportes. Em geral, os motivos para a retomada por parte do Estado são a piora na qualidade dos serviços, a elevação de tarifas e a preocupação exclusiva com os lucros dos empresários.

Entretanto, contrariando todos os indicadores que nos informam que vender o país não traz bons frutos aos seus cidadãos, o governo brasileiro de Jair Bolsonaro e a maioria dos parlamentares do Congresso Nacional trazem à baila a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 32/2020, batizada de Reforma Administrativa, com o intuito de destruir os pilares constitucionais do serviço público brasileiro, escancarando as portas para sua privatização total.

A Reforma Administrativa é um retrocesso nas conquistas que o Brasil consolidou na Carta Magna de 1988. Ela é, antes de tudo, uma reforma de princípios. O princípio constitucional essencial passará a ser a ancoragem na iniciativa privada, com a inserção da subsidiariedade como pedra fundamental do serviço público no Estado Brasileiro. É uma reforma que diminui a responsabilidade estatal em cuidar de seu povo.

A Reforma Administrativa ruma contra os direitos humanos, pois afeta diretamente a estrutura de funcionamento dos serviços públicos para pior. E quem depende desses serviços é a população marginalizada, os pobres, os grupos oprimidos, a maioria periférica que não tem sustentação econômica para se constituir como consumidora de serviços particulares, especialmente aqueles essenciais como a Saúde e a Educação.

A Reforma Administrativa é corruptiva, pois retira os cargos e órgãos públicos do seio da imparcialidade de concursos e da estabilidade funcional para jogá-los na lama do apadrinhamento e do nepotismo das indicações políticas.

A Reforma Administrativa é antidemocrática, resgatando os capítulos mais funestos do serviço público nos anos de chumbo da Ditadura Civil-Militar, com o fortalecimento da figura dos Decretos Autônomos emitidos pelo chefe do Poder Executivo, que poderá, com uma canetada, extinguir órgãos e cargos sem a necessidade de leis, o que abre as portas para que governos autoritários atuem para a eliminação, por exemplo, de fiscalização ambiental, trabalhista, tributária e demarcatória de terras indígenas.

A Reforma Administrativa cumpre um objetivo: atender os parasitas do mercado de capitais, que enxergam no Estado Brasileiro um balcão de negócios com áreas inexploradas, que miram a possibilidade de contratos sem licitações, serviços sem fiscalização e, acima de tudo, lucro desenfreado por meio da precarização do trabalho terceirizado, da desregulamentação de direitos e da informalidade.

O Brasil dos 99% depende dos serviços públicos e não pode ficar à mercê dos conglomerados econômicos. O Brasil é o Sistema Único de Saúde (SUS) e não os convênios médicos particulares. O Brasil é escola pública e não grupos educacionais que operam na Bolsa. Nosso norte deve ser o público, não o privado.

No contexto dramático de pandemia em que nos encontramos, é obrigação do Poder Público trabalhar pela ampliação do acesso da população aos serviços dos quais necessita, e não elitizá-los, como propõe a PEC 32/2020. Mais do que isso, é impensável aprovar um projeto dessa magnitude neste contexto pandêmico, tendo em vista a impossibilidade de qualquer discussão de fôlego que envolva com qualidade a opinião pública e o povo que não seja, exclusivamente, reduzir de maneira drástica as perdas humanas pelo COVID-19. Não é hora de discutir esse projeto, muito menos de aprová-lo.

Por isso, firmamos um compromisso de luta em defesa dos serviços públicos, contra a Reforma Administrativa, no sentido de multiplicar essa corrente por todos os meios, com destaque, neste momento, para os digitais, vislumbrando, num futuro próximo, que possamos tomar as ruas em defesa dos nossos direitos. Caminhando juntos e juntas, fazemos um chamado a que a população, os movimentos sociais, as entidades de classe, os representantes e figuras políticas, as personalidades e artistas, os influenciadores digitais e todos que possam contribuir nessa corrente se somem à única perspectiva que podemos adotar em relação a esse projeto caso desejemos construir uma sociedade mais democrática, igualitária e humana, que é a defesa, a universalização, a gratuidade e a qualidade do serviço público brasileiro. É sob essa perspectiva que levantamos a bandeira de que o serviço público brasileiro não tem preço.


[1] Os dados podem ser encontrados nos relatórios “Reconquistando os serviços públicos” e “Rastreador de municipalizações”

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Baixe aqui o Manifesto “O Serviço Público Não Tem Preço” em formato PDF (tamanho A4, seis páginas).




A nossa luta é pelo Brasil

O Brasil não precisa de Bolsonaro e Mourão. Precisa de vacinação e da volta ao trabalho com segurança.

Precisa de serviços públicos de qualidade, valorizados e de autonomia nas Instituições Públicas de Ensino Superior.

Somos a Fasubra, uma Federação que reúne 48 sindicatos, 250 mil trabalhadores e trabalhadores, técnicas e técnico-administrativos de Universidades Públicas.

Estamos presentes na formação de profissionais que hoje salvam o país.