Nesta quarta-feira (31/03) completam-se 57 anos do Golpe Militar que instaurou uma Ditadura no Brasil por duas décadas (1964-1985). O período foi marcado pela supressão de direitos individuais (como habeas corpus), trabalhistas e sociais (como a organização sindical por melhores condições de trabalho e reajuste salarial).
A desigualdade social observada hoje em nosso país é resultado de muitos fatores presentes no Regime Militar, tais como:
- a política de arrocho salarial causada pelo desmantelamento do movimento sindical e a proibição de greves;
- a alta inflação (média de 70,33% entre 1964 a 1985, segundo o IGP-DI; de acordo com a FGV, chegou a 211% em 1983);
- o crescimento econômico acelerado que favoreceu os mais escolarizados em um país onde a Educação Pública não era universal e onde mais de 40% da população economicamente ativa era analfabeta;
- o crescimento urbano vertiginoso e sem qualquer planejamento, levando à formação de favelas e áreas sem infraestrutura e saneamento básico;
- serviços públicos como Saúde e Educação não universalizados, o que levou grande parcela da população a viver à margem da sociedade.
Em 2021 o Brasil permanece como um dos países mais desiguais do planeta. É o oitavo pior em diferença de renda, segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgado em dezembro de 2019.
Passados mais de 36 anos do fim da Ditadura, a sociedade brasileira ainda escuta seus ecos – vindos inclusive da voz do Presidente da República e dos seus apoiadores.
Os crimes de Estado cometidos naquele período jamais foram julgados, diferentemente do que ocorreu em outros países da América do Sul, como Argentina, Chile e Uruguai.
O Brasil possui a polícia que mais mata no mundo e o Presidente da República tem como ídolo um dos mais notórios torturadores daquele período: o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
A história nos ensinou que períodos ditatoriais invariavelmente acabam por atacar direitos individuais e coletivos dos trabalhadores e da população em geral. Neste 31 de março, quando Bolsonaro insiste em celebrar esta data infame, é fundamental que todos tenhamos consciência do que foi aquele período que tirou da população o direito de votar, que censurou, que perseguiu e que torturou milhares de brasileiros.
Devemos expressar todo nosso repúdio contra qualquer atentado à Democracia, sob pena da sociedade ser a principal vítima.
O SINTFUB reafirma o seu repúdio ao Golpe Militar de 1964, à Ditadura Militar de 1964 a 1985 e aos defensores do retorno desse regime autoritário, violento, criminoso e corrupto.