A partir da morte de George Floyd, nos Estados Unidos, o mundo se levantou contra o racismo com numerosas manifestações diárias em diversos países do mundo. Apesar do risco da pandemia da Covid-19, milhares de jovens foram às ruas com um grito de basta, não nos sufoque mais.
Nos Estados Unidos e na Inglaterra, estátuas de traficantes de escravos, antes tidos por heróis, foram derrubadas e jogadas em rios.
Na contramão da História, aqui, no Brasil, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, refere-se a negro de quilombola como “arroba”. Um país genocida de negros tem um presidente na Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que afirma que o movimento negro é “uma escória maldita”, insulta Zumbi dos Palmares e chama a Mãe Baiana de “macumbeira” para atacar a religiosidade africana de uma raças ancestral.
Em mais um ato de afronta aos direitos dos cidadãos, o governo federal também excluiu do relatório anual de direitos humanos, o Disque Direitos Humanos, nos indicadores de violência policial praticada no Brasil no ano de 2019, o primeiro ano de gestão Bolsonaro.
São vários os ataques policiais à comunidade negra e periférica no país. O Brasil teve ao menos 5.804 pessoas mortas por policiais no ano passado – um dado maior que em 2018. O número de vítimas em confronto com a polícia cresceu 1,5% em um ano. A alta vai na contramão da queda de mortes violentas no país, a maior da série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (19%).
Em repúdio a Sérgio Camargo e ao governo que não promove nenhuma ação de combate ao racismo e a violência policial contra a comunidade negra do nosso país. Em 5 de junho, mais de 90 pessoas integrantes de entidades e organizações antirracistas realizaram uma manifestação em frente à sede da Fundação Palmares, para pedir a saída de Sergio Camargo.
Dois dias depois, mais de dez mil pessoas, jovens, negros e brancos foram a Esplanada dos Ministérios na marcha antirracista e em defesa da democracia e da liberdade. Crianças, adolescentes, jovens, lideranças sociais e sindicais estiveram presentes, mantendo a distância para evitar a contaminação pela Covid-19, para gritar um basta ao racismo, ao genocídio de negros no país e para mostrar aos bolsonaristas que a ditadura não voltará.
Havia centenas de faixas e cartazes reprovando o racismo e o extermínio da juventude negra.
Nesse movimento antirracista, alerta o Sintfub para as palavras da escritora e ativista negra Ângela Davis, filósofa e professora da Universidade da Califórnia: “Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”. Os livros dela e de diversos escritores negros e negras estão à disposição no link: encurtador.com.br/lqN67. Neste endereço eletrônico há um guia de livros de autores negros para engrossar o combate ao racismo.
O Sintfub espera que estas mudanças venham para valer e que a luta contra o racismo alcance todos os níveis da sociedade e de governo, com suas políticas públicas e mazelas sociais herdadas da escravidão e da falsa abolição da escravatura.
As marchas permanecem e continuam no Brasil e no mundo. E o momento é de reforçar as lutas por democracia, por liberdade e contra o racismo.
Vidas Negras Importam!
Racistas não passarão!
Fora Sérgio Camargo!
Via Zumbi!