Luta histórica dos servidores técnico-administrativos em educação da Universidade de Brasília – UnB, a flexibilização da jornada de trabalho de 40 para 30 horas semanais foi avaliada pelo professor Doutor em Psicologia da UnB, Mário César Ferreria, como ponto principal para a garantia da qualidade de vida da categoria. A afirmação foi feita durante o seminário “Psicólogas (os) na Construção da UnB”, realizado no auditório do Sintfub, nessa quinta-feira (28).
“Há inúmeros estudos e pesquisas mostrando que mexer na variável tempo permite aos trabalhadores poder fazer uma gestão melhor da vida pessoal, poder conciliar a vida pessoal com a vida profissional. O tempo tem característica extremamente estruturante no bem-estar. E quando a gente estuda o trabalho do ponto de vista da saúde mental, a gente vê que mexer no tempo tem uma repercussão imediata para o bem-estar”, avalia Mário César.
Segundo o docente, o ponto eletrônico que controla a chegada e a saída dos trabalhadores, iniciativa defendida pela reitoria da UnB, também não surte efeitos positivos para a produtividade, além de gerar um ambiente opressor para quem é forçado a se submeter ao sistema. “A gestão do trabalho que cuida de forma adequada do tempo, especialmente tendo como princípio de gestão o controle sobre o resultado e a qualidade, é mais produtora de saúde do que ficar controlando efetivamente o tempo. A pressão do relógio de ponto vai contra a saúde mental”, explica o psicólogo.
Mário César também avalia que a UnB vem passando por um momento de importação do sistema de trabalho adotado no setor privado, que usa como jargão o lema “time is money” (tempo é dinheiro), o que não condiz com a história da Universidade, um organismo público, que nasceu da perspectiva de colaborar com a democracia e a mudança social no Brasil. “A UnB é pública e tem que ser construída por todos, a partir de uma gestão participativa de verdade. Atualmente os colegiados da Universidade são formais. Precisamos radicalizar a participação”, alerta.
Além da jornada de trabalho de 40 horas, o professor de psicologia da UnB mostra que a precariedade das condições de trabalho e a falta de reconhecimento e de perspectiva profissional, situações impostas a servidores técnico-administrativos em educação da Universidade, também resultam na falta de qualidade de vida para os trabalhadores. “Tem gente na UnB que trabalha junto com escorpião, que trabalha junto com fossa de banheiro”, relata o docente.
Luta permanente
Após pressão do Sintfub e dos servidores técnico-administrativos da UnB, o Conselho de Administração – CAD (órgão deliberativo), nomeou, no último dia 21, para a Comissão de Flexibilização da Jornada de Trabalho os membros eleitos em assembleia pela categoria. Entretanto, até agora, não foi agendada a reunião do grupo, que tem como objetivo analisar os novos e antigos pedidos de flexibilização nos setores de trabalho, inclusive os que foram negados pelos membros da Comissão anterior. Com isso, todo o processo de implementação da flexibilização da jornada na Universidade fica parado. O Sintfub continua pressionando o Decanato de Gestão de Pessoa da UnB para agilizar o processo.