Pouco mais de 10 dias de governo e o interino Michel Temer, que invadiu o Palácio do Planalto através de golpe de Estado, anunciou propostas que representam um verdadeiro retrocesso. Um dos principais alvos do golpista é o funcionalismo público, já que ele tem como meta a instalação do Estado mínimo. Entre os anúncios, está o veto de aumento real para os servidores públicos federais nos próximos anos. Segundo a Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal), que representa a maior parte dos servidores do Executivo, a categoria não vai facilitar o caminho para Temer.
O impedimento do aumento real seria inviável por que Temer afirma que as revisões nos contracheques compõem as despesas primárias do Executivo, que terão o crescimento limitado à variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano anterior. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) será enviada ao Congresso em até duas semanas, propondo teto para despesas públicas.
A Condsef afirma que as categorias do funcionalismo federal não aceitarão as medidas de retrocesso e perdas de direitos de Temer e exigem que os acordos firmados com o Executivo sejam mantidos. “Se for preciso, vamos para as ruas fazer greve”, afirma o secretário-geral da Confederação, Sérgio Ronaldo.
A entidade sindical convocou plenária nacional da maioria dos servidores do Poder Executivo para o dia 10 de junho. A proposta da Condsef é mobilizar os servidores para as ameaças de direitos trabalhista e previdenciário que estão sendo anunciadas.
No último dia 19, representantes dos servidores públicos federais e das empresas estatais se reuniram em Brasília e aprovaram uma série de atividades e medidas que, no mínimo, embarreiram as ações do interino e seus apoiadores e caminham no sentido de preparar as bases para uma greve geral.