Cinco reitores de Universidades Federais pediram o desligamento da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), usando como argumento que “a entidade é hostil ao governo Bolsonaro”.
Essa saída, que quebra um ciclo de cooperação mútua entre as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) que integram a Andifes há décadas, enfraquece a democracia da Rede Federal de Educação e aumenta o alerta contra os interventores que estão sendo empossados nas reitorias por Bolsonaro.
Dos cinco pedidos, ao menos dois gestores já apoiaram Bolsonaro publicamente e um terceiro foi indicado para o cargo pelo deputado bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RS). Até o momento, Bolsonaro já nomeou 19 reitores que não foram os mais votados nas eleições internas das Universidades Federais, evidenciando a intenção do Presidente em intervir na gestão das IFES.
Os reitores que pediram o desligamento da Andifes foram:
- Carlos André Bulhões Mendes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS);
- Edson da Costa Bortoni, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei);
- Janir Alves Soares, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM);
- José Cândido Lustosa Bittencourt de Albuquerque, da Universidade Federal do Ceará (UFC);
- Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa).
A ruptura foi anunciada sem debate, por meio de uma “carta” enviada ao presidente da Andifes, Edward Madureira. Os cinco reitores alegaram no texto que tentaram se aproximar da Associação desde que assumiram os cargos, mas não conseguiram alcançar o objetivo.
“As tentativas, registre-se com pesar, jamais foram frutíferas, já que nunca nos sentimos aceitos e acolhidos, quer pelo fato de que não fomos os ‘primeiros da Lista Tríplice’, como também por não nos portarmos, publicamente, hostis ao atual Governo Federal. (…) Desejando que os objetivos da Andifes voltem, em breve, a circular em torno dos interesses das Universidades, independente da conformação ideológica dos reitores, manifestamos aqui, e por este documento, o nosso desligamento dos quadros da Instituição”, dizem no documento.
As Universidades Federais se relacionam via Andifes por décadas. A saída da Associação, baseada numa alegação de hostilidade ao governo, só faria sentido se o governo estivesse melhorando a Educação Pública do país – mas sabemos que não é o que ocorre. Outro ponto inquietante é que os governos passam, mas as IFES permanecem em seus propósitos e missões. Quando não houver mais “governo Bolsonaro” para que a Andifes “seja hostil” ao mesmo, o que farão esses cinco reitores dissidentes?
*Texto escrito com informações do Brasil 247