Começa disputa pela reitoria da UnB

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Terá início amanhã o processo de consulta pública para a gestão 2016/2020 da Reitoria da Universidade de Brasília (UnB). Tudo indica que o pleito deste ano será mais tranquilo do que o de 2012, quando 10 chapas se inscreveram para concorrer ao cargo máximo da instituição. Agora, a expectativa da comunidade acadêmica é de que esse número seja reduzido a menos da metade. O registro das candidaturas ocorre amanhã, das 8h às 18h, na Casa do Professor.

Os pré-candidatos à disputa deste ano são: a professora do Instituto de Geociências Márcia Abrahão Moura; o atual reitor da universidade, Ivan Camargo; e a professora do Departamento de Serviço Social Denise Bomtempo. Espera-se ainda uma candidatura da Faculdade de Saúde (FS). Os pré-candidatos não podem se manifestar oficialmente, em respeito ao regulamento da consulta. As propostas de cada chapa só poderão ser apresentadas após a homologação das candidaturas (veja o calendário).

Ivan Camargo já havia manifestado a vontade de concorrer à reeleição, dessa vez com o intuito de trazer uma pauta mais positiva e menos marcada pela austeridade nos gastos. Principal adversária dele na consulta passada, Márcia Abrahão ficou com pouco mais de 45% dos votos no segundo turno, enquanto o vencedor teve a preferência de cerca de 51% dos eleitores. Denise Bomtempo também foi candidata na consulta passada, e ficou em quarto lugar no primeiro turno. O candidato da FS em 2012 foi Volnei Garrafa, que terminou o primeiro turno em terceiro lugar. Este ano, no entanto, é mais provável que a diretora da faculdade, Maria Fátima de Sousa, se candidate.

Organização

O primeiro debate está marcado para 11 de agosto e ocorrerá no câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. Os demais — Gama, Planaltina e Ceilândia — também receberão os candidatos. A votação será em 30 e 31 de agosto e seguirá o mesmo modelo da consulta anterior, com voto paritário entre os três segmentos da comunidade acadêmica (leia Para saber mais). A Comissão Organizadora da Consulta (COC) espalhou faixas na unidade da Asa Norte para divulgar as datas do pleito. A intenção é incentivar a participação de todos, inclusive dos calouros e dos técnicos convocados no último concurso, que terão direito a voto.

Antônio José dos Santos, um dos representantes dos técnicos-administrativos na COC, ressalta que a discussão sobre a paridade na votação foi mais tranquila este ano. Na última consulta, o debate tinha sido mais acirrado. “A partir do momento que a discussão da paridade foi superada e aceita, o trabalho da comissão é fazer o máximo para divulgar a consulta para que ela seja o mais representativa possível. A ideia é que os alunos compareçam ao máximo às urnas para que a escolha do reitor reflita bem a vontade da comunidade acadêmica”, completa Hércules Nunes, representante dos estudantes.

A expectativa da comissão é de que na próxima semana entre no ar uma página no site da UnB específica para informações sobre a consulta. A COC também aguarda a entrega, pela administração da universidade, da lista de alunos, professores e técnicos aptos a votar para fazer a distribuição adequada entre os locais de votação, que já foram definidos.

Demandas

Um dos fatores que devem pesar na escolha será o atendimento às reivindicações dos servidores técnicos-administrativos, único segmento em que o candidato vencedor do último pleito não teve a maioria dos votos. Na gestão atual, a categoria perdeu a jornada de 30 horas semanais — a resolução que permitia a redução foi revogada pelo Conselho de Administração da universidade (CAD).

A volta da flexibilização da jornada é a principal pauta do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub) e precisará ser avaliada com atenção pelos candidatos e, posteriormente, pelo próximo dirigente. O número de servidores (3.111) já ultrapassa o de professores (3.029) e o voto deles poderá ter peso importante no resultado. Na última consulta, os docentes foram o grupo que mais compareceu às urnas proporcionalmente — mais de 80% votaram. Os alunos somam quase 38 mil.

O coordenador-geral do Sintfub, Mauro Mendes, afirma que a entidade prezará pela independência e pela autonomia, e não apoiará nenhum candidato. A pauta de reivindicação da categoria será apresentada a todos os que concorrem à reitoria. “Qualquer servidor tem autonomia para escolher essa ou aquela candidatura, mas a entidade não apoia nenhum candidato”, reforça.

A mesma posição é seguida pelas demais entidades representativas da comunidade acadêmica, já que tanto os técnicos quanto os professores e os estudantes têm representantes na COC. A pauta do Diretório Central dos Estudantes (DCE), que também deve ser apresentada a todas as chapas, inclui o investimento na infraestrutura da universidade e na construção de novos prédios. “Vamos nos reunir com todos os candidatos para deixar claro que não apoiaremos ninguém, mas que queremos trabalhar com todos”, afirma Victor Aguiar, coordenador-geral do DCE.

Entre as reivindicações da Associação dos Docentes da UnB (AdUnB) estão a iluminação do câmpus Darcy Ribeiro; o reforço da segurança em toda a universidade; a revitalização do Centro Olímpico; e a melhoria das condições de trabalho de professores e técnicos. O presidente da entidade, Virgílio Arraes, acrescenta ainda que a categoria pede menos burocracia no processo de progressão e promoção funcional e que seja reiterada, por meio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a melhoria salarial para professores e técnicos, prerrogativa do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
Para saber mais

Como funciona a consulta
A votação será paritária, ou seja, os votos de cada segmento da universidade — professores, técnicos e estudantes — representará um terço do resultado. Como o número de eleitores em cada segmento é diferente, para que a participação deles tenha o mesmo peso, o comparecimento às urnas tem que ser equivalente. Os nomes escolhidos para reitor e vice-reitor serão levados para votação no Conselho Universitário (Consuni), que, por sua vez, encaminhará a lista tríplice à Presidência da República. A Comissão Organizadora da Consulta é formada por nove representantes da UnB, três de cada segmento. Dúvidas sobre a consulta podem ser enviadas para o e-mail [email protected].

Calendário

Confira as datas do processo de consulta para reitor da UnB

» Amanhã, das 8h às 18h — Inscrição das chapas pela COC
» Quarta-feira, às 12h — Homologação dos candidatos das chapas
» Quinta-feira — Entrega dos recursos, deliberação e retificação da homologação, se necessária
» A partir de sexta-feira até 31 de agosto — Campanha
» Até 20 de agosto — Divulgação da lista de eleitores aptos a votar e da localização das urnas
» 30 e 31 de agosto — Consulta
» 1º de setembro, a partir das 9h — Apuração dos votos e divulgação do resultado, no Centro Comunitário
» 2 a 14 de setembro — Campanha e debates entre candidatos do segundo turno, se necessário
» 13 e 14 de setembro — Segundo turno da consulta, se necessário
» 15 de setembro, a partir das 9h — Apuração e divulgação do resultado do segundo turno
» 16 de setembro — Homologação do resultado no Consuni

Debates
» 11 de agosto — Primeiro debate no câmpus Darcy Ribeiro, na AdUnB
» 16 de agosto — Debate no câmpus do Gama, ainda sem local definido
» 18 de agosto — Debate no câmpus de Planaltina, ainda sem local definido
» 23 de agosto — Debate no câmpus de Ceilândia, ainda sem local definido
» 26 de agosto — Segundo debate no câmpus Darcy Ribeiro, ainda sem local definido
Quem deve concorrer

As chapas ainda vão se inscrever, mas as apostas sobre os possíveis candidatos já começaram. Confira o perfil de cada um deles:
Ivan Camargo
O atual reitor da UnB e professor da Faculdade de Tecnologia vai concorrer à reeleição este ano. No primeiro mandato, equilibrou as contas da universidade e zerou o número de servidores que não tinham vínculo empregatício com a Fundação Universidade de Brasília (FUB), substituindo-os por concursados. A gestão foi marcada pela austeridade nos gastos e ele pretende apresentar uma pauta mais positiva, que inclua investimentos em áreas que ficaram em segundo plano.
Denise Bomtempo
É professora do Departamento de Serviço Social e esteve à frente do Decanato de Assuntos Comunitários de novembro de 2012 a fevereiro deste ano. Nesse período, foi criada a Diretoria da Diversidade, para demandas relacionadas a violência, homofobia, lesbofobia, transfobia, assédios e racismo. A professora também foi decana de Pesquisa e Pós-Graduação na gestão anterior, de José Geraldo de Souza. Foi candidata na disputa à reitoria em 2012.
Márcia Abrahão
Professora do Instituto de Geociências, foi decana de Ensino de Graduação da reitoria pró tempore, em 2008, e da gestão de José Geraldo de Souza até 2011, período em que foi implementado o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Em 2012, foi adversária do atual reitor no segundo turno e suas propostas tiveram como foco maior integração de professores e técnicos e a redução da evasão.
Fonte: cbdigital.com.br

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