O Anfiteatro 10 da Universidade de Brasília ficou pequeno para a quantidade de pessoas que participou na noite dessa terça-feira (22/03) do debate “Brasil: Para Onde Vamos – Análises sobre a Crise e os Riscos de uma Ruptura Democrática”. Organizado pelo Comitê da UnB da Frente Brasil Popular no Distrito Federal, o debate reuniu mais de 300 pessoas, entre estudantes, professores, militantes de partidos, sindicatos e movimentos populares.
A atividade se soma às manifestações, atos e debates que são realizados em todo país em defesa da democracia e contra o golpe institucional que está em curso. “Não é uma luta por pessoas ou por partidos políticos, é uma luta pela defesa da democracia”, reforçou o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcello Lavenère.
Para o jurista, há graves ameaças ao futuro do país e à soberania nacional. “No momento em que se entrega o pré-sal, que é a maior riqueza que o Brasil tem, aos estrangeiros; no momento em que se grampeia a presidenta da República; no momento em que as garantias constitucionais estão sendo violadas é preciso resistir, resistir e resistir”, disse.
Para o secretário geral do Sintfub, Mauro Mendes, que participou da atividade, “é dever da comunidade universitária defender a democracia”. “Nós, técnico-administrativos, professores e estudantes, temos que estar juntos nessa luta contra o golpe e em defesa da democracia. Não é questão de defesa de governo, é defesa de direitos garantidos. A UnB tem sua marca de resistência e luta contra qualquer forma de opressão, não podemos deixar que isso se apague”, avaliou.
O secretário-geral do Itamaraty no governo Lula, Samuel Pinheiro Guimarães, apontou o povo brasileiro está diante de riscos de retrocessos políticos, econômicos e sociais. “Vamos para um período de extraordinárias lutas, tanto no campo econômico, quanto no campo jurídico. O golpe está em curso”, afirmou.
O momento é de luta, resistência e muita mobilização, destacou a professora do campus de Planaltina da UnB, Olgamir Amancia. “Estamos aqui para dizer que nós não aceitaremos que seja dado um golpe na democracia que construímos a duras penas; democracia que contou com a vida, o suor e a luta de muitas que aqui estão e de muitos que tombaram nessa caminhada. Nosso espaço é a rua! Temos que mobilizar o nosso povo e ganhar essa batalha, por que o mundo melhor que precisamos só será construído nos marcos da democracia”, discursou.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, também reforçou o papel da organização na atual conjuntura política do país. “Esse impeachment está sendo proposto com uma série de ritos processuais duvidosos de uma politização da justiça brasileira, e se configura num golpe à democracia brasileira. Por este motivo, a UNE se coloca contra esse impeachment e se coloca ao lado dos movimentos sociais em defesa da democracia”, disse.
Dia 31 de março: povo nas ruas
Durante a atividade em defesa da democracia e contra o golpe, realizada na UnB, a militante do Levante Popular da Juventude, Katty Hellen, destacou a importância da luta pela democracia aliada à luta pela reforma política e à necessidade de organização da juventude. “Precisamos organizar a juventude para fazer intervenções de agitação, com colagem de cartazes, distribuição de panfletos, apresentações culturais em áreas de fluxo de pessoas no plano e na periferia”, propôs.
A professora do curso de Direito da UnB, Isis Táboas, destacou o papel da luta feminista pela garantia de direitos e reforçou a necessidade de mobilização para o dia 31 de março. “Nós, feministas do projeto popular, vamos lutar, vamos defender esse governo eleito, mas vamos além: queremos radicalizar essa democracia, queremos uma reforma política através de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. Queremos reformas estruturais e, por isso, convocamos as mulheres, os homens para que estejamos nas ruas no dia 31 de março. A história nos cobra isso. Devemos nos apresentar para a luta e honrar todas as lutadoras e lutadores do povo que sangraram pela nossa democracia”, convocou.
Fonte: Flávia Quirino, com informações do Sintfub