Estudantes desocupam DFTrans, mas mantêm luta

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Depois de sete dias, estudantes que lutam pelo direito pleno ao passe livre desocuparam a sede da ouvidoria do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), nessa quinta-feira (5). Em nota divulgada à sociedade, eles afirmam que decidiram sair do espaço após alguns compromissos do GDF, mas entendem que devem “avançar por meio de outras táticas de ação direta, na rua e na luta”.

No acordo para a desocupação, o GDF se comprometeu a retomar o recadastramento anual permanente a partir do dia 1º de junho, acelerar o recadastramento dos processos em análise, solicitar à Secretaria de Educação o abono das faltas do período de 15 de abril a 1º de junho, além de não criminalizar os estudantes que participaram da ocupação. Os manifestantes destacam que “o GDF ainda não resolveu o problema e não acatou todas as reivindicações, insistindo em respostas técnicas para um problema político: o lucro do empresário sobre o direito estudantil”.

“As falhas do sistema (do passe livre) ainda continuam prejudicando; o passe livre ainda não existe no fim de semana, feriados e férias; ainda não temos liberdade sobre quais linhas utilizaremos pra estudar”, protestam os estudantes que promoveram a ocupação do DFTrans. De acordo com o grupo, está sendo elaborado um aditivo à lei do Passe Livre, que será apresentado à Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Como prova da continuidade da luta, os estudantes agendaram ato nesta sexta-feira (6/5), às 17h, na Rodoviária do Plano Piloto.

Denúncia
Durante os sete dias de ocupação, os estudantes que lutam pelo direito pleno ao passe livre sofreram uma série de intimidações por parte da polícia militar e retaliações do governo, como o corte de energia do espaço ocupado.

“No sábado (30/4), a polícia fez cerco aqui na frente (do DFTrans), retiveram os estudantes lá dentro e jogaram gás de pimenta. Uma pessoa teve que ser atendida pelo Samu”, conta com indignação a estudante Débora Mynssen. Segundo ela, a PM também apreendeu materiais como panfletos e cartazes, utilizados durante a manifestação.

Ao invés de negociar, o DFTrans fez pedido de reintegração de posse, na tentativa de tirar na marra do espaço os estudantes que reivindicam um direito garantido. Nessa segunda-feira (2/5), o Tribunal de Justiça do DF determinou a saída imediata dos estudantes e a devolução do espaço ao DFTrans. Segundo os manifestantes, a determinação da Justiça não foi entregue.

Os estudantes também afirmam que, no período de ocupação, os próprios manifestantes fizeram vários reparos na sala do DFTrans. “Ao contrário do que divulgou a mídia golpista, saímos do espaço deixando-o melhor do que encontramos: arrumamos tomadas que davam curto, mesas e cadeiras sem parafusos e torneiras que não funcionavam. Mas não vamos cobrar os honorários. Esse é o nosso vandalismo”, denunciam.

Apoio
Os estudantes que ocuparam o DFTrans contam que, durante o movimento, dialogaram com outros usuários do passe livre, que procuravam o órgão para solucionar problemas diversos. “As histórias que ouvimos nesse período foram várias. Centenas de estudantes, trabalhadores, pais e mães que precisaram reorganizar a vida financeira para manter filhas e filhos indo nas escolas. Pessoas com necessidades especiais que também têm passado por restrições e não têm respostas adequadas por parte do DFTrans”, afirma nota do grupo. De acordo com os estudantes, mais de 2,5 mil assinaturas foram coletadas no abaixo-assinado em apoio à ocupação.

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